Porquê desistir de um processo seletivo?
Como atitudes podem prejudicar a imagem profissional de UX/UI Designers
Introdução
Produtos digitais são definitivamente o destino que empresas no mundo inteiro têm investido tempo e dinheiro. Ainda que antes muitas estivessem a passos curtos para a famosa transformação digital, o novo mundo acelerou forçadamente esse processo de reinvenção, de forma que já não se trata de uma tendência, mas de uma necessidade para sobreviver no mercado. Para suprir essa alta demanda, empresas buscam UX/UI Designers qualificados para conduzir, fazer descobertas, criar, testar e implementar seu produtos; Mas na hora de escolher os candidatos ideais, mesmo que em diferentes níveis de maturidade e expertises, enfrentam um problema grave e constante: A desistência durante ou logo depois do processo seletivo. No artigo de hoje veremos como esse comportamento pode ser altamente nocivo e como evitá-lo.
Quero essa vaga. Mesmo?
Conforme comentamos em nosso artigo Como ser reprovado em processos seleticos para UX/UI Designers, um processo seletivo requer sua atenção total. Não se trata de ser X tipo de UX/UI Designer e querer Y tipo de vaga; Mas de candidatar-se desenfreadamente a toda e qualquer oportunidade que vier pela frente, sem ter compreendido a proposta a fim de ter um interesse real. Para tanto, é preferível que você selecione poucas (somente as que realmente tenham um match com seu perfil) e invista tempo, dedicação e preparação específica para elas. Quando se entende a importância e o tamanho da dedicação esperada para uma candidatura efetiva, deve-se pensar em um ponto crucial:
O quanto realmente você quer essa vaga?
Indo além das aptidões técnicas, devemos considerar que as pessoas são muito diferentes umas das outras. Os indicadores da tomada de decisão para o interesse de um UX/UI Designer em atuar em uma determinada empresa podem ser muito variados: A proposta financeira, os benefícios oferecidos, a visibilidade e o “glamour” da posição, a cultura com colaboradores, os produtos propriamente ditos, e mais. Nesse ponto, não há certo e errado: Apenas deve-se colocar esses indicadores na mesa, definir a relevância de cada um ao seu perfil e objetivo profissional, e construir uma decisão com base nessa análise.
A má notícia é que essa mentalidade é muito pouco utilizada pela maioria dos candidatos. Ao passo que empresas têm investido pesado na abertura de vagas para UX/UI Designers, vemos repetidamente o fenômeno de desistência acontecer — seja durante o processo ou depois de já terem sido selecionados, profissionais optam por romper com a oportunidade, deixando um vazio enorme nas expectativas e planejamento da empresa.
Ah, não quero mais
Imagine um cenário onde você recebe o feedback positivo de uma seleção, sendo notificado que foi selecionado para uma vaga. Yey! Depois de muito comemorar, se preparar e tomar as decisões e ações necessárias para o início de suas atividades (como por exemplo desligar-se de seu emprego atual, mudar-se de cidade, etc.), você recebe um retorno inesperado da empresa contratante dizendo que a vaga já não existe mais, e que sua contratação foi cancelada. Imediatamente, o sentimento é de indignação, frustração e decepção, certo? Pois são exatamente esses os sentimentos que uma empresa sente quando um candidato desiste da vaga. Listo abaixo os casos mais comuns que motivam tais desistências:
Eu não queria de verdade
Como é sabido, candidatos tendem a aplicar a muitas vagas sem ao menos ler seus descritivos com atenção. Logo, no caso de serem selecionados, é evidente que a empresa considera um interesse genuíno na vaga e dá sequência ao processo, já manifestando o interesse recíproco em seu perfil. Quanto mais tempo levar para o candidato ser franco e notificar que na verdade não há real interesse, pior será para a empresa tomar uma decisão acertada e dar por finalizado o processo seletivo.
O processo seletivo é muito exigente
Conforme falamos no artigo Como criar espaço a UX/UI Designers Juniores, justamente por já terem tido experiências ruins no recrutamento, seleção e construção de seus times, empresas acabam por criar processos seletivos muito complexos e longos. Por mais que a intenção seja minimizar o erro de contratar mal, tais processos acabam causando a desistência dos candidatos interessados — Possivelmente, o motivo mais relevante seja que durante o longo prazo de avaliação, UX/UI Designers são encontrados, avaliados e contratados por outras empresas com um processo mais efetivo e rápido.
Fui selecionado por outra empresa
Este é o caso mais problemático. Como candidatos tendem a participar simultaneamente de diversos processos seletivos, dentre várias ofertas, uma é a predileta. Mas se a notícia positiva vem primeiro de outra vaga (que também é interessante, só não tanto quanto a vaga ideal), por receio de perder a oferta, aceitam. Pouco depois, o resultado positivo da vaga ideal também vem, fazendo com que, sem pestanejar, o candidato abandone a vaga que já havia aceitado. A essa altura a empresa já tinha traçado planos, feito preparações e criado uma alta expectativa, logo seu prejuízo e frustração serão inevitáveis.
Nesse caso, o melhor a fazer é deixar clara a sua participação em outros processos seletivos — Sem dúvida é melhor que o contratante logo tenha ciência do seu momento real (para que se antecipe e lide com essa situação como lhe aprouver), do que ser surpreendido com uma desistência abrupta.
O prejuízo silencioso
Considere que em todos esses cenários citados acima há um “prejuízo silencioso”: Tais atitudes podem ser altamente nocivas à sua imagem profissional. Por mais que o mercado de UX esteja de fato em crescimento acelerado, ainda estamos falando de um mercado pequeno, onde muitos contratantes conhecem muitos outros contratantes, e com certeza, comentam entre si sobre seus processos seletivos em busca de recomendações e indicações. Logo, são pequenas perdas que você pode estar acumulando, que em um futuro não tão distante, podem se tornar barreiras para o próximo grande passo de sua carreira.
Segundo nosso artigo Encontre seu próprio valor profissional, empresas não buscam apenas mãos e mentes capacitadas, mas pessoas comprometidas. Se durante o processo seletivo a empresa encontrar sinais que levantam red flags sobre sua reputação e credibilidade, aceite ou não, serão indicadores relevantes que certamente irão jogar contra você.
Transparência é fundamental
Se você está sendo contactado por diversas empresas e recrutadores ao mesmo tempo, comemore! Trata-se de um bom sinal: Sua proposta de valor está convincente, seu perfil gera interesse, sua apresentação profissional condiz com seu nível, você foi bem recomendado, e mais. Para que você preserve sua imagem profissional e garanta o melhor comportamento possível perante tais contratantes, seja sincero e transparente com todos, sempre.
Essa transparência envolve, inclusive, saber dizer não.
Isso mesmo: Se você não estiver confortável com o processo seletivo proposto, ou com a forma que foi abordado, ou não se interessar mesmo pela vaga e/ou pela empresa, o melhor a fazer é imediatamente não aceitar. Tenha a certeza de que uma resposta educadamente negativa de sua parte não será mal vista por contratantes. É muito melhor a sinceridade de dizer não, do que sua indecisão se tornar um problema que vai prejudicar a empresa — e consequentemente, você.
Conclusão
Trate um processo seletivo com a atenção devida. Com a visão de que trata-se possivelmente do próximo passo de sua carreira de UX/UI Designer, seja para vagas que recebe proposta ou que se candidata por iniciativa, seja transparente e sincero com todos os envolvidos para que você colha frutos positivos a cada decisão tomada.