UX Designer freelancer ou UX Designer funcionário?
Como diferentes formatos de contratação influenciam sua carreira profissional
Introdução
Considerando que empresas tem perfis e estratégias diferentes, contratam seus profissionais também de formas diferentes: Umas contratam UX Designers como freelancers, outras diretamente como funcionários, outras ambos os formatos. Como esse ponto reflete na sua carreira e em sua remuneração? No artigo de hoje vamos ver as diferenças entre esses formatos e como definir o mais viável para o seu perfil profissional.
Trabalho pra mim VS. trabalho pra alguém
Antes de mais nada, é importante mencionar que não há certo e errado. Há diversos pontos de vantagem e desvantagem em cada caminho, cuja definição reflete diretamente na forma como você vê o seu trabalho. Há casos em que ser freelancer é uma vocação, outros um período da carreira, outros uma forma de ganho extra, e outros, uma condição temporária para poder trabalhar.
O conceito comum de um freelancer é o profissional independente que trabalha para si mesmo, chamado apenas quando extremamente necessário ou em casos urgentes e curtos para executar tarefas não tão complexas. Mas na realidade do universo de UX Design, é muito improvável existirem projetos pontuais pequenos o bastante para serem feitos em poucas horas por alguém terceirizado (como um Designer criaria um post para mídias sociais). Essa disciplina, mesmo que o projeto seja a resolução de um desafio simples e pontual, requer aprofundamento e envolvimento maiores, resultando em um período de atuação mais longo no projeto. E além disso, e empresas consideram esse formato plenamente viável para projetos de médio prazo, ou até mesmo para testar a qualidade e adaptação do profissional antes de oficialmente contratá-lo.
Com isso, se compararmos friamente um UX Designer freelancer a um UX Designer funcionário, a pergunta que se coloca na verdade é: Para quem trabalham? Você pode pensar que um freelancer trabalha pra si mesmo, enquanto um funcionário trabalha pra alguém; Mas pense que ambos têm uma pessoa de quem recebem demandas, prestam contas e são pagos de acordo com seu tempo, habilidades e experiência. A diferença entre esses formatos não está na essência do trabalho, mas nas características da sua relação com o contratante — como potencial de ganho, tempo de disponibilidade, e mais.
Os caminhos do freelancer
Me lembro que no início da minha jornada de Designer eu trabalhava para uma empresa no horário comercial e também atuava como freelancer em horários alternativos. Na época, como ainda era solteiro e morava com meus pais, tais fatores impulsionavam ainda mais a minha liberdade de agenda e meu potencial de faturamento (já que meus custos eram muito baixos), e com isso, a possibilidade de atuar em muitos projetos ao mesmo tempo. Apesar de eu não estar profissionalmente realizado em minha função na empresa, essa situação durou anos e estava bem confortável até que fui chamado inesperadamente pela diretoria numa terça-feira qualquer. Fui demitido. Ao me recompor para perguntar o motivo, me foi dito, com essas palavras: “Este aqui não é o seu lugar. Eu não aguento ver alguém com o seu talento por mais 1 dia sequer aqui dentro, cada minuto é uma perda para o tamanho do seu potencial. Estou te fazendo um favor! Em alguns anos, você vai me agradecer”.
Como nessa altura eu já estava prestes a me casar, o desespero foi imediato, mas aquelas palavras me motivaram a entender meu valor profissional e a buscar meu destino. Foi o empurrão que eu precisava: Comecei então como freelancer e executei projetos que me levaram a construir minha primeira carteira de clientes, até que abri meu estúdio de Design. Ironicamente, 10 anos depois em outra terça-feira qualquer, eu estava em um café esperando um cliente chegar e esbarrei com minha ex-diretora. Dei-lhe então um abraço e a agradeci pelo empurrão, cujos frutos estava colhendo.
Alguns profissionais que freelam eventualmente desenvolvem seus negócios e se tornam empresários, outros permanecem trabalhando sozinhos, outros são contratados e permanecem freelando, e outros são contratados e deixam de freelar. Conheço excelentes designers que atuam em cada um desses formatos, e mesmo com as diferenças de perfil profissional, estão satisfeitos em suas carreiras e gerando bons resultados em ganhos. No final do dia, é a leitura de como você vê o seu trabalho que importa.
Qual me rende mais?
Ao longo de nossa jornada de constantes conversas com UX Designers, encontramos perfis muito diferentes entre si, tanto na experiência anterior, quanto no que almejam para o futuro de suas carreiras. Mas existe uma questão que é pouco comentada no meio desses profissionais, que é a forma que são remunerados por seu trabalho e como vêem esse fator no longo prazo. Esse ponto é diferencial na hora de optar por qual caminho seguir, ainda que temporariamente. Por conta disso, nesse nosso universo, há de se colocar na balança qual formato de trabalho se adapta melhor para seu perfil e/ou momento de carreira.
UX Designer freelancer
Atua como um prestador ou consultor terceirizado, com participação por tempo definido no projeto por meio de um contrato de prestação de serviços sem relação permanente com o contratante. Mesmo que esse contrato possa ser extendido por mais tempo, esse profissional não tem vínculo empregatício formal com a empresa. Há pontos positivos e negativos nesse cenário: Ao passo que é possível um profissional terceirizado faturar mais do que um funcionário, conhecer mais pessoas em menos tempo, ter mais indústrias em seu portfolio e ter a liberdade de localização de um nômade digital, é também possível que fique sem trabalho até que inicie um outro projeto, não há período de descanso programado e nem benefícios como plano de saúde e 13º salário.
Logo, considere que por mais que esse formato possa possibilitar ganhos maiores, são ganhos imediatos — então é realmente necessário que você seja uma pessoa financeiramente organizada e moderada o suficiente para provisionar aos gaps sem trabalho, e que também tenha iniciativa para pensar no longo prazo, contribuindo com sua própria previdência.
UX Designer funcionário
É contratado oficialmente por uma empresa para atuar como funcionário, prestando serviços somente a esta empresa sem data de término definida. Também há pontos positivos e negativos nesse cenário: Ao passo que ser funcionário traz os benefícios mencionados acima, salários sendo pagos religiosamente todos os meses que não necessariamente dependem de seu desempenho, o sentimento de pertencer a uma “família” e um estilo de vida mais regrado, é também relevante considerar que normalmente fica-se muito tempo em um mesmo produto, há barreiras de cultura interna que requerem paciência e um network que cresce mais devagar.
Assim, financeiramente esse formato já te coloca na condição de ser conduzido pela estrutura tributária tradicional, onde paga-se muito e retém-se menos em troca de benefícios.
A (falsa) estabilidade
Conforme mencionamos em nosso artigo CLT vs. PJ, o mais importante para ser levado em conta é que nenhum desses dois formatos garante estabilidade para sua carreira. Não se trata de um ser mais arriscado e outro mais seguro; O fator que realmente influencia o seu potencial de crescimento, remuneração e permanência nas empresas é a sua performance profissional. Se você trabalha eticamente, respeita as pessoas hierarquicamente superiores e inferiores a você, interage bem, entende seu papel e o cumpre com maestria, é engajado(a) com a comunidade e está sempre evoluindo, sua carreira certamente terá muito menos oscilações, independente da forma como presta seus serviços. Seus resultados são o principal indicador da constância da sua carreira.
Conclusão
Ambos formatos possibilitam que você cresça e se desenvolva profissionalmente. Não há fórmula secreta de carreira perfeita: Seu perfil e momento de carreira devem ditar a forma como você aceita ser contratado, revelando o seu posicionamento como profissional de UX Design.